A decepcção com o “Jornalismo” das corporações

 

Muitos jornalistas perguntam-se porque jogaram fora tantos anos de suas vida para alimentar uma indústria interessada em saquear o Brasil e manipular os brasileiros.

Será que o Jornalismo foi sempre essa coisa abjeta? A resposta é não.

O Jornalismo nem sempre foi indecente. Ao longo da História, havia duas forças que se contrapunham nos jornais e nas revistas. Surgia daí um atrito positivo do qual resultava um conteúdo rico, plural, complexo.

Uma força era a dos donos, conservadores. A outra era a dos chefes das redações, habitualmente progressistas.

Dois exemplos se destacam. A ‘Folha’ nos tempos em que era dirigida por Claudio Abramo e a ‘Veja’ quando editada por Mino Carta. Claudio e Mino funcionavam como contrapontos aos Frias e aos Civitas. Nestas condições, a ‘Folha’ foi um grande jornal e a ‘Veja’ uma grande revista.

O equilíbrio se perdeu quando Lula ascendeu ao poder. Os donos da mídia aparelharam seus veículos. Não havia mais lugar para Claudios Abramos ou Minos Cartas como diretores de redação.

O passo seguinte foi aparelhar também as colunas. Foram sendo afastados colunistas de ideologias diferentes. E se multiplicaram os colunistas que escrevem o que os patrões querem que seja publicado.

O primeiro caso notável foi o de Diogo Mainardi na ‘Veja’. Na mesma ‘Veja’, logo depois surgiu, no site, Reinaldo Azevedo. Os espaços, na mídia toda, foram rapidamente ocupados por equivalentes de Mainardi e Azevedo. De Villa a Sardenberg, de Constantino a Augusto Nunes, de Setti a Noblat, foi uma enxurrada de colunistas patronais.

Perdeu-se o debate. Perdeu-se o equilíbrio. Perdeu-se a pluralidade.

Texto adaptado do Diário do Centro do Mundo

Um pensamento sobre “A decepcção com o “Jornalismo” das corporações

Deixe um comentário